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barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

24.04.25

Tudo na palma da mão,

poder ou maldição

Telemóvel.  Carregamos um oráculo no bolso. Na mala. No casaco. Um dispositivo que responde a tudo. Recomenda-nos o que comer. Sugere-nos o que vestir. Lembra-nos do aniversário daquele primo que não vemos há anos.  Poupa-nos às filas. Dá-nos mundo. Mas será que nos traz mais liberdade ou aprisiona-nos?   Resposta imediata que vem até nós de jacto. Quer seja para procurar um livro ou encontrar a receita do bolo sem glúten às três da manhã. A internet nunca dorme. E (...)
23.04.25

Guardar sem motivo é um começo

Guardar sem motivo é o primeiro passo para criar uma história que só eu saberei contar...   Já coleccionei bilhetes de concertos, borrachas com cheiro, pequenas folhas de blocos. Continuo a coleccionar conchas trazidas do mar. Pedras com formatos improváveis encontradas em caminhadas distraídas. Mas também colecciono momentos. O que aparece. Pequenos flashesde vida que não se encaixam em lugar nenhum, mas que, por algum motivo, teimam em pedir-me abrigo. Faço isso. Sem (...)
22.04.25

Talvez:

o desconforto das coisas mornas

  Há quem goste do copo meio cheio. Nem preto nem branco. Comme ci comme ça. Talvez.  Eu não. Tenho um desconforto visceral com o mais ou menos, o tanto faz, o vamos ver como corre. Não me  entendo com o morno. Nem na comida, nem nas escolhas. Só na temperatura. Coisas que não se comprometem. Não se decidem. Não assumem nem um lado nem outro. Deixam-me inquieta. Semelhante a usar uma camisola de lã demasiado quente num dia que afinal não era assim tão frio.   A meio gás (...)
18.04.25

Perfumes que nos invadem

  Há perfumes que abraçam. Outros há que se impõem como protagonistas.   Desde a pandemia que a aproximação se tornou mais protocolada. Pelo contrário, o olfacto continua sem fronteiras. Um prolongar invisível da identidade. Entramos num elevador e há alguém que já lá esteve. Chegamos ao escritório e o ambiente denuncia quem chegou antes de nós. Cumprimentamos uma pessoa e ficamos com a sua presença colada à pele, como um intruso. Que direito temos de permanecer onde (...)
17.04.25

Cirque du Soleil

sem spoiler

Cirque du Soleil, Lisboa. Eu estive lá.  Não foi a primeira, nem a segunda vez. Não será a última, espero. Miúdos, muitos. Adultos com o coração a transbordar de infância. Não saímos indiferentes. Saímos tocados. Como se alguém tivesse acendido uma chama esquecida. Mas não é só o espectáculo. As acrobacias. E os números que desafiam as leis da Física. São (...)
16.04.25

Vidas que só existem quando fechamos os olhos...

para quem sonha muito ☁️

  Sonho muito. Tanto. Nunca sei se é uma maldição, uma bênção ou simplesmente normal. Acordo cansada... mas também fascinada. Porque estive a viver. Estive horas noutra vida — mais fluída, estranha, às vezes tão real.  Há pessoas que dormem como pedras. Depois, existem as como eu. Que passam as noites a saltar entre cenários, rostos desconhecidos, diálogos que nunca aconteceram. É quase como se a mente dissesse: o corpo vai descansar, mas eu ainda tenho uns quantos (...)
10.04.25

O encanto dos aeroportos,

histórias entre partidas e chegadas

Há algo de fascinante nos aeroportos. Histórias que se cruzam. Sonhos. Despedidas. Lugares onde o tempo parece correr em dois ritmos. Para quem espera e para quem parte. Ponto de passagem, sim. Espaço funcional que nos leva de um lugar ao outro, também. Para mim [olhar atento] revela-se um cenário rico. Literário. Cada pessoa, cada porta de embarque. Um enredo.   O aeroporto é um organismo vivo que nunca dorme. Por entre malas e passos apressados, histórias começam e histórias (...)
10.04.25

Jazz,

o som que aquece a alma.

O Jazz é absolutamente singular. Preenche um espaço. Sem atropelar. É subtil. Sofisticado. Fluído. Intenso.  Permite-nos desacelerar sem impor o silêncio absoluto. Um aliado do dia-a-dia.    Cria um ambiente propício à introspecção. À leitura. Ao trabalho. Ao raciocínio. Mas também ao mais simples. À criatividade e ao saber - estar. Saber - viver. Saber (...)
09.04.25

Viagens de carro,

entre o fluxo dos pensamentos e o vazio revigorante

É tão bom fazer viagens de carro. Não as viagens longas. De férias. Planeadas com antecedência. Carregadas de malas e roteiros. Refiro-me às outras. As do dia-a-dia. As que faço sozinha. Com a cabeça em piloto automático. Em que simplesmente me deixo levar pela estrada. Aquelas em que entro no carro. Ligo o motor. Ajusto o banco. E sem pensar, já estou a caminho. Para parte nenhuma.    Sem que me aperceba, cheguei ao destino. Não me lembro do trajecto. Como é possível? (...)
04.04.25

Síndrome do Campo =

quem nunca quer sair da província.

Meus amigos urbanóides, hoje o tema é-me particularmente especial: a temida, mas invejável, Síndrome do Campo. Uma condição psicológica irreversível, que me toca, para alguns inexplicavelmente, há 15 anos. Não quero saber de cidades grandes. Centros comerciais. Filas intermináveis. Buzinas e ambulâncias a passar.   Um fenómeno sociológico que desafia o ideal de progresso.   Tenho repulsa ao trânsito. Campónio que é campónio não suporta a ideia de perder duas horas (...)