Como te digo sempre, o amor é para sentir e fazer sentir, porque palavras, leva-as o vento. Como tal, esta não é uma carta de amor. É uma carta para ti, pelos teus 14 anos!
Não a escrevi ontem porque não tive tempo. Tal como tu vives a vida, assim foi o teu dia ontem. Cheio de coisas e atividades e pessoas e entradas e saídas e berros e gargalhadas e tudo e mais tudo e outro tanto. Uma azáfama. Aliás, começaste o dia às 06h00 a fazer caça submarina, quando o pai te tirou a fotografia que aqui partilho.
Foste o primeiro filho, o meu amor do meio. O pai será sempre o primeiro [mas não necessariamente o maior ]. E como diriam as minhas amigas, também contigo a minha estrelinha cumpriu a sua missão. Eras uma paz. De dia, muito tranquilo. À noite, sereno, sem cólicas, nunca choravas, nem para comer. Hoje, choras porque queres comer mais e eu não deixo.
Começaste a fazer tudo tarde, fora dos timings. E assim permaneces até hoje. Mas que seja sempre assim. Sabes, não ter pressa é uma das maiores lições de vida que eu te posso ensinar. Também tu nos tens ensinado a preciosa lição de que ninguém é de ninguém. Nem os filhos dos pais. E que os filhos não são o que os pais querem, são o que são, quando querem ser e como querem ser. E que agradável surpresa tu tens sido para nós.
As mães dizem que os filhos lhes vêm mudar a vida. Eu vou mais longe e digo que tu vieste desorganizar a minha. A tua perspicácia deixa-me boquiaberta. As tuas respostas roubam-me as minhas. Mas sabes viver a vida tão bem!
Nunca ouves à primeira. A tua desarrumação é semelhante à confusão da tua cabeça. Mas a tua disponibilidade comigo deixa-me, mais uma vez, sem palavras. És o rei da festa cá em casa e o rei da festa com os teus amigos. Tens carisma. Tens bom senso. És natural.
Desejo que sejas muito feliz. E tenho um passarinho que me veio dizer que se te mantiveres assim, vais mesmo ser.
A parentalidade positiva é uma questão que me deixa de cabelos quase em pé. Não condeno, não crítico, não elogio nem digo que não, apenas não consigo compreender.
Tenho dois filhos rapazes, ambos já com dois dígitos de idade. O mais velho acabou de fazer 14 anos e o mais novo tem 10 e a verdade é que tenho muito mais dificuldade em impor-lhes as regras básicas do que alguma vez os meus pais tiveram.
No meu tempo, levávamos palmadas, ficávamos de castigo vezes sem conta e aprendíamos rapidamente que quando nos mandavam calar, era mesmo para ficarmos calados. Professores, pais e avós eram a autoridade máxima e bastava abrirem-nos os olhos para nos lembrarmos de qual era o nosso lugar. Esperávamos os dias que fossem precisos para vermos mais um episódio da nossa série preferida, não cruzávamos os braços quando éramos contrariados e jamais questionávamos a ementa do jantar.
É aqui que entra a tal parentalidade positiva, a tal que ainda não consegui compreender, apesar do esforço.
Dizem-nos que as palmadas são um atentado, ralhar só de cócoras, para estarmos ao mesmo nível dos seus olhos e que elevar a voz merece cartão amarelo. Ah! E faltam as explicações, é suposto os pais explicarem tudo e mais um par de botas.
Resultado: estes miúdos, filhos da parentalidade positiva, os meus e os outros, são impacientes, respondões, reviram os olhos como ato normal de insatisfação. Fazem jogo de cintura por certos alimentos, estão pouco habituados a ser contrariados e passam os dias a ver vídeos de brasileiros de voz esganiçada e que falam isso mesmo... brasileiro. Desconhecem a frustração, não percebem o que é esperar e, para eles, somos todos iguais. Não há diferença de papéis naqueles que os rodeiam.
Trocando por miúdos, segundo a parentalidade positiva, quando um dos meus filhos é malcriado, numa daquelas vezes em que só me apetece esbofetea-lo e deita-lo borda fora, é suposto eu deixar a fúria no bolso e inspirar e expirar. Baixar-me ao nível dos seus olhos e calmamente explicar-lhe que não pode falar assim comigo, porque sou mãe dele e as mães merecem respeito e um dia quando ele for mais velho e tiver filhos vai perceber, e então deve mudar a postura e pedir-me desculpa, porque saber pedir desculpa vai revelar-se fundamental ao longo de toda a vida... bla, bla, bla e mais uma carregada de explicações.
É de loucos. Só pode! Nunca ninguém se baixou para falar comigo, nem nunca me deram grandes explicações. Levei palmadas. Apanhei grandes castigos e fui sempre obrigada a comer tudo o que me punham no prato, gostasse ou não da ementa. Estou cá, sem que me tivesse caído pedaço algum. Estou viva e recomendo-me. Que se lixem as boas práticas.
Se é para ser, é para ser. E à antiga, de preferência. Pelo menos, cá em casa.
Escrevo desde que me lembro. E de quando não me lembro, a minha mãe confirma-me. Composições na escola. Diários escondidos nas gavetas...
Escrevo para mim, mas também para os outros.
Escrevo sobre o que me irrita e exploro o meu sarcasmo. Entre quatro paredes, porque o sarcasmo gera tempestades e eu gosto pouco de levantar ondas.
Escrevo, essencialmente, porque isso me ajuda a pensar nas coisas, nas situações, nas pessoas. Cozinhar tudo e simplesmente desvalorizar. Colocar tudo nos seus lugares que, depois de escrever, ficam muito mais arrumados. Escrevo porque ganho o poder que retiro às situações.
Gosto de escrever como falo. Sentir e deixar fluir. Sem pensar em regras gramaticais. No assim tem de ser. Como os desenhos abstratos, que podem ser tudo, mas também podem não ser nada.
Gosto de me rir com as coisas que escrevo. Mas também gosto de deixar os outros a pensar.
Gosto de reler. Mas gosto essencialmente de me resolver.
Escrevo sobre mim. Escrevo sobre as coisas. Escrevo sobre as situações. E quanto mais escrevo, mais vontade tenho de escrever e, curiosamente, menos de ler.
Escrevo porque a vida faz-nos bem, mas às vezes precisa do empurrão que a escrita nos dá.
Esta é mais uma pequena pérola do ser humano. Um comportamento padrão que guardo no meu baú de tesourinhos que me causam histeria.
Todos os grupos de amigos ou família têm um elemento, aquela pessoa que literalmente obriga todos os outros a beber. Não sei porquê...
Ainda nem assentámos arraiais num almoço, num jantar, numa festa e já esse elemento nos está a trazer um copo cheio de qualquer coisa ou a cobrar o facto de termos o copo vazio. Vale tudo. Ir atrás de nós até à WC, ao jardim, à cozinha. Só não vale não estar a beber.
Não podemos estar simplesmente a conversar, aparece logo por trás, de garrafa na mão, e não descansa enquanto não nos enche o copo sem termos tempo de reagir.
Estamos mal dispostos. Ou bebes ou bebes.
Queremos estar tranquilos porque no dia seguinte temos de estar fresquinhos. Ou bebes ou bebes.
Pura e simplesmente não queremos nada porque comemos demais ao jantar ou estamos de barriga vazia ou não queremos, apenas! Ou bebes ou bebes.
E somos mesmo forçados a beber. Não porque nos sentimos na obrigação de ir na onda, de ser fixes, de alinhar, mas porque já só queremos que nos deixe em paz.
De nariz franzido, ainda tentamos dizer que não gostamos de cerveja. Mas apresenta-nos logo uma série de alternativas. E faz e traz e insiste.
A solução é, ensinou-me a vida...
... não recusar. Porque nunca mais te larga.
... não fugir. Porque vai encontrar-te em qualquer canto.
... sorri e acena. Que é como quem diz: aceita o que te dão. Há-de aparecer algum canteiro para te desenrascar.
E quantas, mas quantas vezes, estes elementos nem são os donos da casa. O que aumenta a minha histeria perante tão bizarra situação. 👀
Estamos na nossa praia desde que as aulas acabaram, ou seja, há mais de um mês. Vantagens do trabalho remoto.
Claro que os miúdos já andam numa reviravolta a jantar e a dormir em casa uns dos outros. Faz parte do crescimento deles e das amizades.
Ontem, com essas andanças, o Vasco, que tem 10 anos, superou com sucesso a lição tão dura que pode ser a da frustração.
Ele e mais dois amigos estiveram o dia todo a combinar que iam dormir a casa de um deles. Fizeram filmes, imaginaram, prepararam tudo. Estiveram o dia todo a falar e a sonhar com isso. Mas as coisas não correram como era suposto.
Cá em casa, acabámos por jantar mais cedo do que o costume e o amigo, dono da casa onde o Vasco supostamente iria dormir, foi jantar fora e muito mais tarde do que o habitual.
Fomos passear a pé, fizemos horas até o amigo regressar. Moral da história, eram 23h30 e o Vasco ainda estava no sofá, à espera que o amigo voltasse do restauranto, com doses iguais de sono e impaciência, depois de um dia inteiro de mar, mergulhos e muito surf.
Às tantas, sugerimos que enviasse uma mensagem ao amigo a dizer que estava cansado, que ia para a cama e que ficava para outro dia. Foi o primeiro balde de água fria: ficar para outro dia, adiar aquilo com que sonhou nas últimas horas e que parecia estar tão perto de acontecer.
Esperneou um bocado, mas fez o que lhe dissemos, até porque também o Duarte, o mais velho, já tinha ido para a cama, entretanto.
Dentes lavados, pijama vestido, luzes apagadas, todos na cama. Não passaram 10 minutos e batem levemente à porta. Como não temos campainha, foi mesmo levemente. Mas eu ouvi. Todos ouvimos. O Vasco ouviu.
E voltaram a tocar levemente. Era o dono da casa e mais um.
Tive quase o impulso de me levantar, descer as escadas, ir até ao quarto do Vasco, ajudá-lo a vestir-se para ser mais rápido e dizer aos amigos dele que afinal ele também ia.
Mas respirei fundo e não me mexi.
Voltaram a bater com um bocadinho mais força. E chamaram por ele. Levantei-me e fui à janela, mas eles não me viram. E ainda bem. Custou-me muito imaginar a frustração do Vasco, deitado na cama, a ouvir o bater na janela e a chamarem por ele. Tinha acabado de ir para a cama. Desde que enviou a mensagem a dizer que ia para a cama até eles chegarem foram, no máximo, 10 minutos.
Custou-me tanto não fazer nada. Ficar à janela a vê-los, sem me mexer, sem me atravessar, sem interferir, sem salvar o Vasco daquele desgosto. Nesta idade, é de desgosto que se trata!
Fiquei ali até se irem embora. Foram. E o Vasco ficou. Não fui ao quarto falar com ele, consola-lo. Explicar-lhe. Antecipar o desgosto e amparar o máximo que uma mãe consegue. Achei que era importante ele sentir a frustração e geri-la até ao dia seguinte.
Custou-me a adormecer. E tenho a certeza que a ele também.
Porque a vida é feita disto. Surpresas e frustrações. E temos de estar preparados para elas. Para que custem menos.
Enquanto me lembrar deste episódio, vou sussurrar para dentro: Desculpa, Vasco! Mas foi por amor. ❤️
Durante as férias, quase todas as casas se transformam numa casa portuguesa com certeza.
Dez pessoas, numa casa para quatro. Metros de estendais coloridos. Barulho, migalhas e confusão. Ao deitar, restos de areia nos pés descalços. O despertar com a arrumação da loiça. O fato de banho esquecido no lavatório com água.
Numa casa portuguesa fica bem Pão e vinho sobre a mesa
E o sumo em pó, que rende mais. E a pratada de massada de atum com tomate. Tem de ser assim, refeições rápidas e que esticam.
E se à porta humildemente bate alguém Senta-se à mesa co'a gente
Há sempre gente a chegar. E de 10, numa casa para 4, passam a mais 5.
É que onde cabe um português, cabem logo 2 ou 3.
Com muito gosto.
Fica bem esta franqueza, fica bem Que o povo nunca desmente A alegria da pobreza Está nesta grande riqueza De dar, e ficar contente
Não é pobreza, meus senhores, é só alegria de ter casa e mesa cheia. Tachos e panelas para um batalhão. Os que estão e os que estão para vir. Nem é defeito. É feitio. Somos só Portugal.
Quatro paredes caiadas
Caiadas mas a descascar. Não tanto pelos maus tratos, mas pelos anos de uso abusivo. São 10 pessoas em vez de 4. Já foram 12 e mais 1, o coelho, o gato e o cão que também foram de férias, claro.
Um cheirinho à alecrim
A alecrim, a mistura de perfumes patchouly, a comida a ser confecionada, a fritos e a protetor solar. Não fossem estes os cheiros de rua no Verão.
Um cacho de uvas doiradas
E talhas de melão, prontas a comer. Muitas. Porque são muitos e a qualquer momento podem ser ainda mais. Talhas que estão na toalha de plástico já furada de cigarro, quando o tabaco ainda tinha brasa.
Duas rosas num jardim
Um São José de azulejo
Mais o sol da primavera
Rosas e Vigílias da noite. Ainda não chegámos e já sabemos que estamos a chegar. Pelo aroma. Pelas cores. Porque fazem parte da mobília.
Azulejos com as juntas encardidas e lareiras que servem de estante de livros em inglês. Velhos do tempo e amarelos da água salgada.
Uma promessa de beijos Dois braços à minha espera
Beijos e abraços de quem já não víamos desde o Verão passado. Promessas de WhatsApp que finalmente passam à vida real, onde tudo acontece.
É uma casa portuguesa, com certeza É, com certeza, uma casa portuguesa
No conforto pobrezinho do meu lar Há fartura de carinho E a cortina da janela é o luar Mais o sol que bate nela
Depois de um dia de praia, e antes de sair para o café central, há-que montar o estendal para a noite, sem mexer muito nas cortinas pesadas do pó, que fazem a vez do estore que há muito deixou de funcionar. Cada vez mais amarelecido e tombado. E, assim, a sala vira camarata. Onde antes estavam sofás e cestos com revistas, passam a estar colchões, lençóis e sacos - cama. Não há um palmo de chão vazio.
Basta pouco, poucochinho p'ra alegrar Uma existência singela É só amor, pão e vinho
E sandes de pasta de atum. E tostas. E Tang, que rende mais. E tremoços. Minis. Fruta com fartura, que os cereais estão caros e acabam rapidamente.
E um caldo verde, verdinho
A fumegar na tigela
Ou gaspacho, em dias de festa. Desde que seja um panelão bem ao estilo de um exército e tenha entulho com fartura.
É o retrato de uma casa [de férias] portuguesa, com certeza... e foi também o retrato das minhas casas de férias durante tantos e bons anos.
Podia começar por dizer que a minha mãe é a melhor do mundo.
Mas não o são todas? Ou não é isso que todos os filhos dizem das mães?
A minha mãe é realmente a mais tudo... em tudo.
A mais sensata. A mais pragmática. A que tem sempre a solução e a resposta.
A melhor a brincar. A melhor a aconselhar. A melhor a elucidar.
E foi também a minha mãe que me ensinou a lição mais importante de todas: o saber viver.
Saber viver é saber que o mínimo não se pede. Que onde não houver espaço para nós, também não nos devemos apertar. E que a vida real é offline.
Saber viver é saber que as grandes coisas partem de pequenos começos. E que, na maior parte das vezes quando queremos dizer muito, é quando dizemos menos.
Saber viver é saber que a vida está pronta, à nossa espera.
Saber viver é saber que a melhor forma de assustar um fantasma é abrir a luz. E que o problema não está no problema, mas sim na forma como olhamos para ele.
Saber viver é saber tirar partido das coisas mais simples. Aquelas que geralmente só encontramos nas entrelinhas.
Diz a minha Mãe e, aos poucos, também eu o vou sabendo dizer.
Há uns dias fui ao teatro com os meus filhos - de 13 e 10 anos - ver umas das muitas biografias recriadas de António Variações. Eu e o meu marido já tínhamos visto filmes e séries e, no meu caso, ainda acrescento dois ou três livros ao meu repertório.
António Variações foi um artista incrível.
A música. A indumentária. O carisma. O que fez enquanto viveu e o que nos deixou depois de morrer.
Uma pessoa absolutamente fora da caixa. Extravagante para a altura. Um artista como a Coca-Cola: primeiro estranha-se e depois entranha-se.
Mas o mais curioso é que esta ideia que temos, faz parte das percepções do passado. Da minha geração e das gerações anteriores. Porque, para os meus filhos, o António Variações já não foi assim tão diferente, tão fora da caixa e tão extravagante. Para os meus filhos, o António Variações foi só o António Variações. Um artista. Sem qualquer rótulo, estranheza, crítica.
Os meus filhos fazem-me perceber que estas gerações de agora são muito mais criativas, muito mais artistas, muito mais livres nas suas escolhas e atitudes.
Não é minimamente estranho um homem ser cabeleireiro, pintar os olhos e gostar de usar um lenço comprido ao pescoço.
Não é minimamente estranho as demonstrações de fragilidade e sensibilidade serem igualmente permitidas aos homens, nem é estranho os artistas também ser homens!
Estas novas gerações nem sabem a sorte que têm nesta sua recente liberdade de movimentos.
Porque eles podem ser, parecer e fazer, sem que a sociedade os questione. Eles são livres e, por isso mesmo, são o que querem e o que não querem. Vão muito mais longe do que alguma vez nós sonhámos ir.
Espero que, com esta geração, surjam mais e mais artistas semelhantes ao António Variações. E se forem semelhantes, já estamos no bom caminho.
Há alturas em que ser do contra é realmente fixe. Ser fora da caixa, extravagante. Nos dias de hoje, não. Nos dias de hoje fazemos, mais do que nunca, jus às palavras onde vai um português, vão logo 2 ou 3.
Ora vejamos... Estamos no Verão. Época de concertos e festivais de presença absolutamente o-bri-ga-tó-ri-a. Não ir, é como quem não tem internet ou redes sociais no telemóvel. Pura e simplesmente, não existe. Gostar ou não da banda, é um pormenor, de pouca importância, por sinal. Porque o que realmente conta é estar presente, registar e partilhar, partilhar e partilhar.
O mesmo acontece com os cigarros. Tudo começou com os de bolinha mentolada no filtro. Fumar sem antes rebentar uma bolinha, não era digno do ato de fumar. Ai de quem aparecesse com um simples SG, Marlboro, Camel... completamente fora. Até que chegámos ao aquecido. O único permitido nos dias de hoje. Uma maquineta discreta, que cabe numa mão, e com um design moderno e cores sofisticadas. Começou por se dizer que cheirava a flores. Hoje, a conversa é outra. Diz-se que cheira a pum, mas já ninguém se importa, desde que seja tabaco aquecido.
Daqui passamos para o ambiente. Se antigamente os preocupados eram só meia dúzia [injustamente] considerados tontinhos fundamentalistas, atualmente há toda uma onda verde a pairar sobre as nossas cabeças. Seguimos marcas verdes, comemos verde e tentamos ao máximo ter um comportamento verde.
O padrão mantém-se nas férias, Erasmus, viagens de trabalho, fins de semana fora e restaurantes no estrangeiro. Basta fecharmos os olhos para ouvirmos a nossa língua. Estamos em todo o lado e em doses XXL.
Encerro o tema com os degradés no cabelo, os SUPs da mistral, as fotografias dos pés na praia, os jogos de paddle à noite, o sushi e o gin. Estamos em todas. Todos.
Quem nunca tinha reparado que onde vai um português, vão logo 2 ou 3 ou 10 ou mais.