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barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

02.05.25

"Não tenho tempo para ler",

a meia verdade

Dizem-me frequentemente que não têm tempo para ler. Da mesma forma que me dizem que vão demorar só mais 5 minutos a fazer scroll. Não é mentira, mas também não é toda a verdade. É uma desculpa elegante, quando sabemos que ler pede mais do que tempo. Ler exige presença. E presença exige alguma coragem. Não para deitar o telemóvel fora, mas para parar durante alguns minutos e ler, mesmo que o mundo continue a girar. E num mundo onde o defaulté correr, é um acto quase (...)
02.05.25

Quem tem alma não tem calma

Quem tem alma não tem calma. Uma ideia que nos morde o pensamento. Uma desculpa elegante para a inquietação. Uma forma de justificar a impaciência com uma pitada de charme. Mas também serve a quem sente. Pensa. Vive com intensidade. Aqueles que não se contentam. Que procuram sentido nas entrelinhas. Gente com alma cheia e coração acelerado. Isto é sobre mim.   Um motor interno que está sempre a trabalhar entre a inquietação e a paixão. Um radar afinado para o mundo. Para o (...)
30.04.25

Nascidos em 1978:

sobreviventes do mundo analógico em tempos digitais

Cresci a rebobinar cassetes com uma Bic.  Faço parte de uma geração que sabe o que é viver com um pé em cada mundo. Somos uma espécie curiosa: crescemos no analógico, adaptámo-nos ao digital e somos suficientemente jovens para saber o que é um meme, mas suficientemente velhos para perguntar isto é do TikTok (...)
29.04.25

A brisa das primeiras horas

despertar, antes do mundo acordar

Há uma magia discreta nas primeiras horas do dia. Da magia miúda. Silenciosa. Que acontece quando pouca gente está a ver. Basta acordar cedo. Não é apenas a luz mais suave, ainda hesitante. Nem só o cheiro do ar, mais limpo, mais novo. É um grande privilégio ver o mundo a abrir os olhos devagar. É um silêncio que se ouve. Porque, àquela hora, o silêncio não é ausência. É presença. E quase ouvimos o tempo a respirar.   Não há motores. Nem vozes. Só os pássaros mais (...)
28.04.25

Obrigada, apagão!

Hoje, enquanto o mundo lá fora silenciava, cá dentro tentava-se fazer uma torrada.  Sim, tentei fazer uma torrada. Com a luz cortada há horas. Ri-me sozinha.   A torradeira inútil em cima da bancada é a metáfora perfeita da vida moderna: mesmo sem energia, o meu primeiro impulso foi confiar que ela faria magia. Como se as rotinas não precisassem de realidade para funcionar. O apagão deixou-nos sem luz, sem rede, sem Wi-Fi, sem garantias. O telemóvel virou um peso inútil. A i (...)
24.04.25

Tudo na palma da mão,

poder ou maldição

Telemóvel.  Carregamos um oráculo no bolso. Na mala. No casaco. Um dispositivo que responde a tudo. Recomenda-nos o que comer. Sugere-nos o que vestir. Lembra-nos do aniversário daquele primo que não vemos há anos.  Poupa-nos às filas. Dá-nos mundo. Mas será que nos traz mais liberdade ou aprisiona-nos?   Resposta imediata que vem até nós de jacto. Quer seja para procurar um livro ou encontrar a receita do bolo sem glúten às três da manhã. A internet nunca dorme. E (...)
23.04.25

Guardar sem motivo é um começo

Guardar sem motivo é o primeiro passo para criar uma história que só eu saberei contar...   Já coleccionei bilhetes de concertos, borrachas com cheiro, pequenas folhas de blocos. Continuo a coleccionar conchas trazidas do mar. Pedras com formatos improváveis encontradas em caminhadas distraídas. Mas também colecciono momentos. O que aparece. Pequenos flashesde vida que não se encaixam em lugar nenhum, mas que, por algum motivo, teimam em pedir-me abrigo. Faço isso. Sem (...)
22.04.25

Talvez:

o desconforto das coisas mornas

  Há quem goste do copo meio cheio. Nem preto nem branco. Comme ci comme ça. Talvez.  Eu não. Tenho um desconforto visceral com o mais ou menos, o tanto faz, o vamos ver como corre. Não me  entendo com o morno. Nem na comida, nem nas escolhas. Só na temperatura. Coisas que não se comprometem. Não se decidem. Não assumem nem um lado nem outro. Deixam-me inquieta. Semelhante a usar uma camisola de lã demasiado quente num dia que afinal não era assim tão frio.   A meio gás (...)
18.04.25

Perfumes que nos invadem

  Há perfumes que abraçam. Outros há que se impõem como protagonistas.   Desde a pandemia que a aproximação se tornou mais protocolada. Pelo contrário, o olfacto continua sem fronteiras. Um prolongar invisível da identidade. Entramos num elevador e há alguém que já lá esteve. Chegamos ao escritório e o ambiente denuncia quem chegou antes de nós. Cumprimentamos uma pessoa e ficamos com a sua presença colada à pele, como um intruso. Que direito temos de permanecer onde (...)
17.04.25

Cirque du Soleil

sem spoiler

Cirque du Soleil, Lisboa. Eu estive lá.  Não foi a primeira, nem a segunda vez. Não será a última, espero. Miúdos, muitos. Adultos com o coração a transbordar de infância. Não saímos indiferentes. Saímos tocados. Como se alguém tivesse acendido uma chama esquecida. Mas não é só o espectáculo. As acrobacias. E os números que desafiam as leis da Física. São (...)