Conversas de WhatsApp
As conversas e os grupos de WhatsApp não são de agora, nem vieram com a pandemia. Estão a crescer a olhos vistos e transformaram-se em verdadeiras recriações de Sexo e a Cidade. E o pior (ou o melhor) é que fazem parte da vida real.
As conversas do WhatsApp tornaram-se um verdadeiro clássico da geração forty e há grupos para tudo: grupos de pais, grupos de irmãos, primos e família toda, grupos de trabalho, grupos do secundário, grupos da universidade, grupos da Zumba, do ginásio, grupos do futebol, grupos dos copos, grupos de fofoca...
Fala-se de tudo e não se aprende nada. Mas ganham-se umas valentes gargalhadas, ao longo do dia. Sim, porque das 10h00 às 00h00, as notificações ultrapassam as centenas. E se estivermos a chegar ao final da semana, então este número duplica.
Nos grupos delas, fala-se de filhos, celulite, quilos a mais, protetor solar no bigode para evitar as manchas, fazem-se queixas dos maridos, partilha-se o que se vai fazer para o jantar e crises existenciais. De vez em quando, lá aparece um bombeiro nu de um calendário de 1985, um vídeo mais arrojado ou uma anedota mais apimentada.
Nos grupos deles, fala-se das miúdas de 20 anos, do que estão a beber no momento, fazem-se piadolas de tudo e mais alguma coisa e as fotografias e vídeos são aos molhos, ao ponto de terem de sair do grupo e limpar o telemóvel regularmente por falta de espaço.
Nos grupos do trabalho, a má língua é rainha!
É a outra que não se cala e não deixa ninguém trabalhar, são as fotografias em jeito de Big Brother, o litle big boss que vai ser pai... as conversas paralelas que não se conseguem ter em privado.
É uma que chega todos os dias às 12h00, o outro que está com má cara, o email que acabámos de receber sobre o trabalho remoto, o prémio anual ou as novas regras do banco de horas.
Os grupos da família têm o papel de verdadeiros jornais: relembram-se aniversários, informam-se mortes, anunciam-se gravidezes e nascimentos, separações e licenciaturas. Todos sabem tudo de todos, em tempo real. Já ninguém fica de fora, nem a bisavó que entretanto também já se rendeu aos encantos do WhatsApp.
Moral da história: se existe, passou a estar no WhatsApp.
🫢