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barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

29.08.24

Gosto de vizinhos


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Gosto de vizinhos. Gosto mesmo deles.

Sejam muitos vizinhos. Poucos vizinhos. Mas que os haja.

Barulhentos e desorganizados. Alegres, sérios, antipáticos e sisudos.

Gosto deles, gosto da sua existência e da nossa interacção.

 

Gosto de estar rodeada de pessoas. Pessoas, não. Vizinhos. Aqueles que são os meus.

Gosto do movimento. Vão, vêm, andam, passam, circulam, vivem.

Gosto do barulho. Barulho que não é ruído.

Gosto da proximidade. De olhar pela janela e ver outras janelas, outras cozinhas e outras salas. Outras vidas, outras conversas, outras pessoas.

Não preciso que me digam Bom dia, nem que olhem para mim. Basta estarem, passarem, existirem.

 

Os vizinhos são tudo.

São obras em casa, música até mais tarde e risos sonoros numa chamada de telemóvel.

São a cebola que falta, o livro que está esgotado e a informação que eu não encontro.

São os cães na rua, os miúdos a gritar e o último melão maduro. 

São as janelas entreabertas, as conversas de circunstância, a roupa a pingar no estendal.

 

Os vizinhos são a peça chave em qualquer local.

 

Para mim, foram fundamentais no meu processo de mudança da cidade para a aldeia. Foram eles que trataram daquela ausência de barulho que se estava a tornar ensurdecedora.

 

Obrigada!