"Isto é gozar com quem trabalha"
Alerta ao mulherio
Não se consegue perceber a disparidade de ordenados entre homens e mulheres. Se fosse em trabalhos físicos, que exigem força de braços, eu até dava de barato. Mas esta diferença é mais significativa em quadros superiores, onde o que se quer são maiores competências, liderança... Não percebo, nem faço esforço algum para perceber. Porque não há uma justificação possível.
Portugal no seu melhor... pensamos nós.
Na na ni na não! Não sejamos más línguas. Portugal não está sozinho nesta situação. É uma realidade também noutros países. Basta estarmos atentos às notícias.
Portugal no seu melhor, agora sim, é sabermos que desde 2019, temos uma lei em vigor que determina a igualdade salarial. Mas para que servem as leis? Para não serem respeitadas, pois está claro! A lei até podia dar um empurrão, só que não!
Vamos escavar ainda mais. Trocar este tema por miúdos. Mas afinal estamos a falar de quantos €?
Uma mulher, num quadro superior de uma empresa, recebe em média 2217 € brutos. Ou seja, menos 761 € / mês [26%] do que um homem no mesmo cargo. As funções podem até não ser exactamente as mesmas, mas não deixa de ser uma tremenda discriminação.
Nota: estes dados têm dois anos, são de 2022, mas são os mais actuais, disponibilizados ao Expresso pelo Gabinete de Estratégia e Planeamento, do Ministério do Trabalho (GEP - MTSSS). Aliás, se não tivesse lido estes dados no Expresso, juro que não acreditava.
Mas com isto, podemos nós bem. É que se os nossos ordenados são, regra geral, mais baixos, a probabilidade de uma mulher chegar a um cargo de chefia é igualmente mais baixa.
Mas não vamos dispersar. Continuemos a bater no ceguinho e falemos do geral. Pois é, no geral, as mulheres ganham menos 239 € / mês [16%], do que os homens.
E, atenção, não é uma questão de canudo. A geração da doméstica com muito talento, mas parca formação, já era. Nós somos mais qualificadas do que Eles, sendo que 57% de nós tem formação superior, em detrimento dos 42,9% dos homens.
Mas afinal quais são as causas desta desigualdade? Ninguém sabe. Mas que as há, há.
Será cabelo a mais? Será roupa a menos? Cabelo não é certamente e a roupa não pode incomodar assim.
Mas quando olho à minha volta, começo a achar que é esse bocadinho assim que nos falta.
Em pleno século XXI, continuamos a estar em clara desvantagem e, em contexto de entrevista de emprego, a ouvir a pergunta se temos filhos e as idades. E garanto-vos que não é para anunciarem que a empresa premeia os colaboradores com um Seguro de Saúde, extensível a toda a família.
Presas por termos filhos, presas por termos vida para além do trabalho, presas por termos cabelo comprido e presas por não termos gravata.
É que até a expressão jobs for the boys não abona a nossa favor.