Muita presença, demasiado ruído
Há pessoas que aparecem tanto que já não as vemos.
Estão por todo o lado: no feed, nas stories, nos comentários, nos vídeos, nas selfies, na televisão... Com sugestões, frases inspiradoras e opinião sobre tudo. De segunda a domingo. De manhã, agora, daqui a bocado e logo à noite.
São pessoas que fazem da sua imagem uma espécie de franchising.
Não lhes subestimo a inteligência. Não lhes questiono a ousadia.
O problema é mesmo a saturação. Tanta que nos anestesia. De tanto aparecerem, deixam de ter presença.Tornam-se paisagem.
As redes sociais criaram a ilusão de que a presença constante é sinónimo de relevância. Mas a verdade é que, como na vida, há qualquer coisa de elegante em quem escolhe o momento certo para aparecer. E não é sempre, certamente.
Com o tempo, vamos selecionando. Deixamos de prestar atenção. Deixamos de seguir. Como se saíssemos de uma sala cheia demais, onde toda a gente está a falar alto, a mostrar, a opinar, a explicar, a partilhar. Mas nós só queríamos olhar pela janela.
Nem se trata de desinteresse. Há uma diferença grande entre estar presente e estar em todo o lado. Entre partilhar e monopolizar. E o segredo está na moderação. Mostrar-se quando há algo a dizer. Ficar calado quando não.
Ser ponderado, não por obrigação, mas por respeito. A nós e aos outros.
Porque no meio de tanta tralha… o que nos faz falta mesmo é um pouco mais de espaço.