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barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

08.10.25

Não devemos poupar na realidade,

só nas palavras


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Há quem confunda tacto com omissão. Acha que ser cuidadoso é falar pouco. Esconder. Cortar pela metade. Como se a verdade fosse um bisturi e o silêncio, um penso rápido. Mas é o contrário. Poupar na realidade é empobrecer as relações. O que fere não é a verdade. É a forma como a atiramos.

 

Explicar é respeito. É o meio-termo entre o silêncio amedrontado e a franqueza em bruto. Andamos a fazer economia emocional. Como se cada conversa fosse uma factura. Mas o que realmente custa é perceber tarde demais o que ficou por dizer.

 

A comunicação humana não é um jogo de adivinhas. Mas tratamos os outros como se tivessem de decifrar o que sentimos. As entrelinha. Falar de forma clara não é ser duro. É ser justo. Mas confundimos delicadeza com disfarce.

 

A forma é tudo. É possível dizer o mesmo com lâmina ou com algodão. Mas nunca dizer menos. Explicar é um gesto civilizado. Uma espécie de tradução simultânea entre o que pensamos e o que o outro precisa de entender. E requer treino. Primeiro ouvir. Pensar depois. Falar por último. 

 

Não é preciso fazer discurso. Basta não fazer mistério. As relações afundam-se mais por omissão do que por excesso. A verdade não fere. Orienta. Por isso, poupemos nas palavras, mas nunca na realidade. A primeira é uma escolha de estilo. A segunda, de carácter.

 

 

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