Onde vai um português
vão logo 2 ou 3, ou 4, 5, 6…
Há alturas em que ser do contra é realmente fixe. Ser fora da caixa, extravagante.
Nos dias de hoje, não. Nos dias de hoje fazemos, mais do que nunca, jus às palavras onde vai um português, vão logo 2 ou 3.
Ora vejamos...
Estamos no Verão. Época de concertos e festivais de presença absolutamente o-bri-ga-tó-ri-a.
Não ir, é como quem não tem internet ou redes sociais no telemóvel. Pura e simplesmente, não existe.
Gostar ou não da banda, é um pormenor, de pouca importância, por sinal. Porque o que realmente conta é estar presente, registar e partilhar, partilhar e partilhar.
O mesmo acontece com os cigarros.
Tudo começou com os de bolinha mentolada no filtro. Fumar sem antes rebentar uma bolinha, não era digno do ato de fumar. Ai de quem aparecesse com um simples SG, Marlboro, Camel... completamente fora.
Até que chegámos ao aquecido. O único permitido nos dias de hoje. Uma maquineta discreta, que cabe numa mão, e com um design moderno e cores sofisticadas. Começou por se dizer que cheirava a flores. Hoje, a conversa é outra. Diz-se que cheira a pum, mas já ninguém se importa, desde que seja tabaco aquecido.
Daqui passamos para o ambiente.
Se antigamente os preocupados eram só meia dúzia [injustamente] considerados tontinhos fundamentalistas, atualmente há toda uma onda verde a pairar sobre as nossas cabeças.
Seguimos marcas verdes, comemos verde e tentamos ao máximo ter um comportamento verde.
O padrão mantém-se nas férias, Erasmus, viagens de trabalho, fins de semana fora e restaurantes no estrangeiro.
Basta fecharmos os olhos para ouvirmos a nossa língua. Estamos em todo o lado e em doses XXL.
Encerro o tema com os degradés no cabelo, os SUPs da mistral, as fotografias dos pés na praia, os jogos de paddle à noite, o sushi e o gin.
Estamos em todas. Todos.
Quem nunca tinha reparado que onde vai um português, vão logo 2 ou 3 ou 10 ou mais.
Gosto de nós! ❤️