Parentalidade positiva
Será?
A parentalidade positiva é uma questão que me deixa de cabelos quase em pé. Não condeno, não crítico, não elogio nem digo que não, apenas não consigo compreender.
Tenho dois filhos rapazes, ambos já com dois dígitos de idade.
O mais velho acabou de fazer 14 anos e o mais novo tem 10 e a verdade é que tenho muito mais dificuldade em impor-lhes as regras básicas do que alguma vez os meus pais tiveram.
No meu tempo, levávamos palmadas, ficávamos de castigo vezes sem conta e aprendíamos rapidamente que quando nos mandavam calar, era mesmo para ficarmos calados.
Professores, pais e avós eram a autoridade máxima e bastava abrirem-nos os olhos para nos lembrarmos de qual era o nosso lugar.
Esperávamos os dias que fossem precisos para vermos mais um episódio da nossa série preferida, não cruzávamos os braços quando éramos contrariados e jamais questionávamos a ementa do jantar.
É aqui que entra a tal parentalidade positiva, a tal que ainda não consegui compreender, apesar do esforço.
Dizem-nos que as palmadas são um atentado, ralhar só de cócoras, para estarmos ao mesmo nível dos seus olhos e que elevar a voz merece cartão amarelo. Ah! E faltam as explicações, é suposto os pais explicarem tudo e mais um par de botas.
Resultado: estes miúdos, filhos da parentalidade positiva, os meus e os outros, são impacientes, respondões, reviram os olhos como ato normal de insatisfação.
Fazem jogo de cintura por certos alimentos, estão pouco habituados a ser contrariados e passam os dias a ver vídeos de brasileiros de voz esganiçada e que falam isso mesmo... brasileiro.
Desconhecem a frustração, não percebem o que é esperar e, para eles, somos todos iguais. Não há diferença de papéis naqueles que os rodeiam.
Trocando por miúdos, segundo a parentalidade positiva, quando um dos meus filhos é malcriado, numa daquelas vezes em que só me apetece esbofetea-lo e deita-lo borda fora, é suposto eu deixar a fúria no bolso e inspirar e expirar. Baixar-me ao nível dos seus olhos e calmamente explicar-lhe que não pode falar assim comigo, porque sou mãe dele e as mães merecem respeito e um dia quando ele for mais velho e tiver filhos vai perceber, e então deve mudar a postura e pedir-me desculpa, porque saber pedir desculpa vai revelar-se fundamental ao longo de toda a vida... bla, bla, bla e mais uma carregada de explicações.
É de loucos. Só pode!
Nunca ninguém se baixou para falar comigo, nem nunca me deram grandes explicações. Levei palmadas. Apanhei grandes castigos e fui sempre obrigada a comer tudo o que me punham no prato, gostasse ou não da ementa.
Estou cá, sem que me tivesse caído pedaço algum. Estou viva e recomendo-me.
Que se lixem as boas práticas.
Se é para ser, é para ser. E à antiga, de preferência. Pelo menos, cá em casa.
🥸