Quando eu for grande…
não tenho de saber o que quero ser!
Quando era miúda, nunca fui aquela pessoa que sabia exatamente o que queria ser quando fosse grande.
Nunca sonhei ser professora, bailarina, veterinária. Só astronauta, talvez.
Nunca ambicionei ter uma carreira. hegar ao topo. Nem sequer ter os mesmos direitos que os meus colegas homens.
Escolhi a licenciatura quase por exclusão de partes. Fiz zero planos. E nunca tracei objetivos por aí além.
Fui dando passo a passo. Ao meu ritmo. Sem dar grande importância ao que se diz que tem de ser. Àquilo que os outros e a sociedade projetam para nós, sem nos perguntarem o que nós queremos.
Os meus pais foram fundamentais. Permitiram-me avançar e recuar tantas vezes quantas aquelas que foram necessárias para eu conseguir fazer escolhas. Sem nunca me impingirem o certo e o errado.
Só faltou um detalhe. Nunca ninguém me disse que não saber o queremos ser quando formos grandes não é um problema. Nem é defeito, é feitio.
Não projectar, apenas deixar fluir, pode mesmo ser uma vantagem. A probabilidade de sucesso pode ser infinitamente maior.
Não temos de ter tudo traçado ao pormenor antes mesmo de acontecer. Não temos de antecipar.
Porque é que teríamos?
Este detalhe faltou no meu percurso. Andei muito tempo a achar que não ter grandes planos para mim mesma não era mesmo nada fixe. Estava enganada. E, por isso mesmo, é que este detalhe já não vai faltar aos meus filhos.
Eles vão saber que não têm de ter certezas. Que o sabor do vento pode ser realmente precioso nas suas escolhas. E que não tem mal nenhum descobrirem o que querem ser quando já forem grandes.
Terão sempre o meu exemplo. Que avancei e recuei vezes sem conta até encarreirar [literalmente] aos 35 anos. E não foi tarde demais.
Deu tempo para descobrir. Para aperfeiçoar e dar o meu melhor. Estar, hoje, como peixe na água e já não imaginar outro percurso para mim.
Adoro o que faço e gosto ainda mais de olhar para trás e ter a certeza de que se não tivesse sido assim, tinha de ser assim.
E está tudo certo 🤷🏽♀️