# Saúde mental em 3 passos
Por estes dias, tive a oportunidade de conhecer uma psiquiatra. Acho que nunca tinha conhecido nenhuma. E a oportunidade de falar, que eu saiba, ainda menos.
Não resisti. Perguntei-lhe: O que se passa connosco?
Referia-me a mim, à minha família, aos meus amigos, aos meus vizinhos, aos meus colegas de trabalho, aos portugueses e ao mundo, em geral. Às redes sociais, aos programas de televisão, às notícias no jornal, aos livros e aos filmes.
Ela sorriu com a cara de quem sabe que eu esperava uma resposta amplamente mais complexa. E responde-me:
Falta-nos Natureza. Levar com a brisa na cara. Ver mais vezes o pôr do sol. Correr e fugir da chuva. Andar de bicicleta. Falta-nos mar. Não fazer nada e aceitar o silêncio. Falta-nos um prato de comida com as cores do arco-íris.
Falta-nos respirar e sentir mais. Sermos mais livres.
Falta-nos desligar mais e ligar menos.
Falta-nos admirar mais os outros. Estarmos no que temos e não naquilo que nos falta.
Fico a pensar. Como ficamos sempre quando ouvimos alguém que sabe do que fala.
Não temos de mais, temos de menos. Das coisas simples da vida.
Deixar o mundo melhor do que o encontrámos. Sermos melhores naquilo que já somos.
Termos mais causas e menos preocupações. Sermos mais nós e menos os outros. Fazermos mais com menos.
Falta-nos sermos mais loucos. Aceitarmos mais. Porque o desiquilíbrio não vem por sermos, vem por não aceitarmos.
Como diria Montaigne:
A minha vida está cheia de infortúnios, a maioria dos quais nunca aconteceu.