Trabalho remoto…
a dar pano para mangas
É caso para dizer: trabalho remoto o que andas tu a fazer!
Se ele é bom ou mau, cada um sabe de si. A verdade é que finalmente chegou a Portugal. Mas foi precisa toda uma pandemia para as empresas terem de o aceitar. E, quarentena terminada, os colaboradores darem o grito do Ipiranga.
Para uns, poupa-se tempo e dinheiro. Para outros, não serve. O trabalho quer-se em equipa e reuniões à distância não são a mesma coisa.
Para uns, já vem tarde. Para outros, devia acabar-se com isto rapidamente, porque só fomenta a perda do lado social e humano, que já está tão ameaçado.
Mas os colaboradores acharam que tinham direito e as empresas experimentaram, que é como quem diz, foram obrigadas a adaptar-se. É que cada vez é mais difícil contratar num regime exclusivamente presencial.
Segundo o jornal Expresso, no segundo trimestre do ano o país contabilizava 1,031 milhões de trabalhadores em trabalho remoto, 402,9 mil dos quais em regime híbrido.
Opiniões à parte, o trabalho remoto tem dado pano para mangas. E as questões que se têm levantado vão muito além de uma sopa ao lume, uma máquina de roupa que é estendida ou um almoço e um café mais demorados.
Os portugueses estão a pisar o risco e, se se tratasse de um jogo de futebol, tantos e tantos já tinham levado cartão amarelo, com vista ao vermelho, caso não se atinem.
Uns que, em regime híbrido, não estão a comparecer no escritório nos dias estipulados.
Outros que passaram a acumular empregos. Isso mesmo! Estão aqui e ali, ao mesmo tempo, no mesmo horário.
Valha-nos a imaginação de cada um. Ou será que devia dizer: valha-nos o espírito de sobrevivência?
Em Portugal, ganha-se mal. Gere-se mal. Trata-se mal. E, claro, trabalha-se mal.
Mas a culpa é de quem? Que ela é solteira, já nós sabemos.
Mas será culpa das empresas que pagam o coro e o cabelo de impostos, para ter um colaborador com um ordenado mínimo?
Do colaborador que perde anos de vida preso nos transportes públicos, gasta o ordenado em alimentos básicos e saúde mental na acumulação de empregos?
Ou do Estado? Que fica com os meus impostos, com os teus, com os dos colaboradores e os das empresas e que, ano após ano, continua sem arranjar soluções com dois dedos de testa?
Mais vale acabar o tema por aqui, ligar a televisão no telejornal e ver a guerra, a inflação ou a greve dos professores, neste início de ano letivo.