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barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

barulho de fundo

quem tem alma não tem calma.

09.04.25

Viagens de carro,

entre o fluxo dos pensamentos e o vazio revigorante


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É tão bom fazer viagens de carro.

Não as viagens longas. De férias. Planeadas com antecedência. Carregadas de malas e roteiros.

Refiro-me às outras. As do dia-a-dia. As que faço sozinha. Com a cabeça em piloto automático. Em que simplesmente me deixo levar pela estrada. Aquelas em que entro no carro. Ligo o motor. Ajusto o banco. E sem pensar, já estou a caminho. Para parte nenhuma. 

 

Sem que me aperceba, cheguei ao destino. Não me lembro do trajecto. Como é possível? Onde é que eu estive durante este tempo?

Perdida nos meus pensamentos. Absorta em ideias. Memórias. Criatividade. Reflexões. E o corpo levou-me quase por instinto. A verdade é que conduzir pode ser um momento raro de liberdade. Desbloqueio.

A estrada à frente. Andamos ali entre o consciente e o inconsciente. E sabe tão bem. Porque a vida faz-nos bem!

 

Organizo-me mentalmente. Ensaio diálogos. Tantos. Penso em soluções. Quando as condições são favoráveis  deixo-me levar, apenas.

Há um verdadeiro prazer em conduzir sem pressa. Pensamentos que fluem sem rumo. Quem quer saber do destino? Tiro tudo o que existe na cabeça e deixo-a vazia. Mais vazia do que foi.

Um bálsamo para o cansaço. O meu cansaço acumulado. Aquele que não vem do dia-a-dia. O ruído.

 

As viagens de carro trazem-me privacidade. Um refúgio onde nada me é exigido. 

Perceber a paisagem. O som da chuva a bater no vidro. Reparar nos pormenores. Mudanças na cidade. Na natureza.

Um exercício de presença num mundo onde estamos constantemente a ser interrompidos. 

 

O carro não é só um meio de transporte. É  um universo pessoal onde apuro os sentidos e deixo a cabeça viajar para onde quiser.

 

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