Vidas que só existem quando fechamos os olhos...
para quem sonha muito ☁️
Sonho muito. Tanto. Nunca sei se é uma maldição, uma bênção ou simplesmente normal.
Acordo cansada... mas também fascinada. Porque estive a viver. Estive horas noutra vida — mais fluída, estranha, às vezes tão real.
Há pessoas que dormem como pedras. Depois, existem as como eu. Que passam as noites a saltar entre cenários, rostos desconhecidos, diálogos que nunca aconteceram. É quase como se a mente dissesse: o corpo vai descansar, mas eu ainda tenho uns quantos filmes para passar. Não são um ou dois sonhos soltos. Mas um festival de histórias que de alguma forma me transformam, mesmo que desapareçam ao acordar. Será o cérebro a fazer um backup ou a testar hipóteses de vida que nunca cheguei a viver? Não sei.
Às vezes, tenho a sensação de que aquele sonho continua. Na noite a seguir. Várias noites. Ou que voltei àquele sítio que só existe na minha cabeça.
Os sonhos são o combustível para a minha criatividade. Nos meus sonhos sou mais livre. Mais estranha. Diferente. Há um universo alternativo onde as regras são outras e onde as exploro sem consequências.
São criativos. Exaustivos. Ambos. Um lado menos poético de sono fragmentado. Mini-filmes pouco regeneradores.
Sonhar muito não é sinal de mente inquieta, mas sim de alma curiosa. E as minhas noites são só mais uma maneira do universo me lembrar que há muito mais do que o que vemos quando estamos de olhos abertos.
Os meus sonhos têm sempre destino. Escrevo tudo o que me lembro. E tento reconhecer padrões. Encontrar linhas do tempo que se cruzam. Personagens recorrentes. E falo sobre eles. Conto-os aos outros. Quero desprogramar. Libertar espaço para o próximo.
Os meus sonhos talvez sejam eu mesma. Sem ecos nem distrações. E se forem só imaginação, tudo bem na mesma. Porque quem tem imaginação, tem mais do que uma vida.